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A interacção que se sente entre as grandiosas obras de engenharia realizadas nos finais do Século XIX na linha do Douro, como os túneis e pontes metálicas, embelezadas agora com os comboios regionais, presidencial, miradouro e o vapor, criam o ambiente mágico a despertar ao turista e amante dos comboios a percepção da vivência dum mundo diferente.
O passeio guiado pelas locomotivas a vapor, ou a diesel, percorrido tranquilamente, e nós, conhecedores da história epopeica do percurso, com a mente imaginativa a adotar o papel de personagem do terreno no início da linha, sentir-nos-emos contextualizados como "figurinos" do séc. XIX e XX que se empenharam em prol da linha férrea, fosse como maquinista do comboio, chefe duma estação, ou simples passageiro.
Enfim, partindo da estação do Vesúvio (Foz Côa) a apreciar e contemplar as paisagens paradisíacas do Douro, paramos na estação de caminhos de ferro do Tua, onde nos deparamos com duas realidade; a linha do Tua encerrada, e Linha do Douro a terminar mais à frente na Estação do Pocinho.
Surge esta reflexão: vemos os carris que, para leste nos transportavam para o infinito da Europa, e para oeste ainda nos remetem à Cidade do Porto, à rede nacional de caminhos de ferro.
E este adjectivo de pensamento, transportando o homem a uma série de esperanças infinitas, remete-o também a um outro espetáculo da vida: a pretensão aos seus desejos em concórdia à época pretendida.
E logo mais à frente depois de terminar a viagem na estação do Pinhão, e ao cruzar com uma outra composição de comboios vinda do Porto pensei: não me importaria de continuar o passeio, horas e horas sem fim, a apreciar novas paisagens, nem que fosse à velocidade do Vapor.
Linha férrea do Douro, vanguarda tecnológica do século XIX e XX, revivê-la com toda a nostalgia do seu passado epopeico, remete o homem culto para décadas passadas, mas que na realidade é o pulo da vanguarda.
O saber e a realidade dos séculos citados, são os verdadeiros agentes catalizadores dos progressistas do século XXI. É o retorno aos valores culturais que simbolizam e dignificam as comunidades, para que assim o homem pense e possa ainda inverter a trajectória civilizacional descendente de que tem vindo a ser vítima, com o moderno mundo da globalização e das velocidades alucinantes.
O exemplo destas linhas paisagísticas, tão acarinhadas e orgulho simbólico e sentimental do homem da época, é já uma atracção e referência para o indivíduo moderno na audácia cada vez maior em se apoderar dos seus valores simbólicos e epopeicos, para que assim os possa repor e sentir com a mesma ousadia dos seus avós e bisavós.
É o aproveitamento aos modelos do passado, para que assim nos sintamos integrados na cultura e valores do mundo em que vivemos, e consequentemente sentirmo-nos como parte integral duma civilização a facultar orgulho e bem estar.
Uma inversão à velocidade desenfreada dos dias de hoje com o exemplo comprovado do passado a asseverar a nossa existência e realidade da vida.
“O filme desta publicação corresponde a extratos da viagem entre o Vesúvio e Pocinho, com a sonoridade típica das rodas nos trilhos e o motor da célebre máquina 1400 da CP”.
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